26.9.11

Marcomede Rangel - saudades

foto: cetaecotel.blogspot.com
O Equinócio já tinha a cara dele. O astrofísico Marcomede Rangel,sempre estava por aqui quando o fenômeno acontecia. Em março e setembro, ele vinha para Macapá e apesar de toda a formação acadêmica, conseguia explicar de maneira simples, "descomplicada" o que estava acontecendo no nosso céu. Tive a oportunidade de conversar diversas vezes com ele durante as produções de matérias. Ele tinha uma adoração pelo fenômeno e me contou que tinha o sonho de ir a Oiapoque numa certa latitude ou longitude que no dia do equinócio dava para observar. Não sei se foi. Ele morreu no ano passado, aos 59 anos, no Rio de Janeiro, vítima de um derrame.  Este ano, fez falta ver aquele cientista tão altivo, educado que tinha o grande interesse de divulgar a astronomia para todos.

Encontrei uma matéria muito interessante sobre ele:
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/777944-marcomede-rangel-nunes-1951---2010---levava-a-astronomia-as-criancas.shtml


Na passagem do cometa Halley pela Terra nos anos 80, Marcomede Rangel Nunes fez tanto estardalhaço para divulgar a astronomia que Ziraldo o apelidou de "Marcometa".

Deixou tamanho rastro de empolgação com a observação do céu que pipocaram pelo país clubes de astrônomos amadores, telescópios e observatórios.
Já assinava colunas de ciências para jovens em jornais e revistas. Colegas o chamavam de "Marcomídia".
Divulgação científica para crianças era de fato sua paixão. Fazia palestras em escolas e marcava visitas ao Observatório Nacional, onde era diretor científico e trabalhava há 42 anos.
Nascera em São Cristóvão, no Rio, mesmo bairro do observatório. Aos 14, sempre batia na porta do local e pedia para ver os telescópios. Até que um dia deixaram. Aos 17, começou a trabalhar lá, estudando o Sol.
O interesse pelo céu veio cedo. A mãe, descendente de índios, contava como eles se guiavam pelas estrelas. Aos oito, fez um "telescópio" de papelão e cobrava para mostrar a Lua aos amigos.
Estudou física e tornou-se, em 1984, o primeiro brasileiro a medir a radiação solar na Antártica. Foi sete vezes ao continente.
Tinha mais de 20 livros e mapas publicados. Ajudou a construir observatórios, planetários e relógios de sol, entre eles o de Brasília, com Oscar Niemeyer. Era artista plástico e pintava quadros abstratos.

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